Eleições 2022 - Segundo Turno
- consultoria985
- 5 de out. de 2022
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No último domingo (02) tivemos a realização de mais uma eleição para presidente do Brasil. Com 100% das urnas apuradas, Bolsonaro recebeu 43,20% dos votos válidos, enquanto o ex-presidente Lula teve 48,84% dos sufrágios. Os candidatos Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) tiveram, respectivamente, 4,22% e 3,06% dos votos válidos. No sábado, as pesquisas do DataFolha e do Ipec já sinalizam nessa direção. O efeito da forte campanha a favor do voto útil em Lula, que mirou principalmente o candidato do PDT, Ciro Gomes, havia se esgotado sem que o objetivo almejado fosse assegurado. O que as pesquisas não captaram foi o efeito contrário, uma espécie de voto útil por gravidade, a favor de Jair Bolsonaro, que era até previsível.
Como efeito desses votos úteis, Ciro, mesmo em suas bases no Ceará e Nordeste, acabou sendo derrotado. A surpresa foi Tebet que obteve o melhor desempenho eleitoral de seu partido nas eleições para a Presidência de sua história. Simone poderá ter um papel decisivo no resultado do segundo turno, ao se posicionar claramente sobre a disputa em curso, que será dramática.
Passado o primeiro turno o objetivo dos candidatos agora é a formação de alianças. O PT se movimenta em direção ao centro com dificuldades. Lula recebeu o apoio do PDT, com o aval de Ciro Gomes, e do Cidadania, liderado por Roberto Freire, que ontem anunciaram formalmente o apoio a Lula no segundo turno. Esses posicionamentos decorrem de um claro posicionamento contra Bolsonaro e não de uma negociação de ambos com o petista. Lula espera obter o apoio de Simone Tebet, a candidata do MDB, com quem deve se encontrar para tratar dos termos do apoio. No dia da eleição, a senadora anunciou que não iria se omitir e aguardava um posicionamento firme do partido.
Bolsonaro se movimenta para garantir o apoio de governadores reeleitos. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), no domingo anunciou seu apoio a Bolsonaro, que ontem recebeu a adesão do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), que o visitou no Alvorada. Ele ficou neutro no primeiro turno, apesar de Lula apoiar o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que ficou fora do segundo turno, fechou ontem o apoio a Bolsonaro. O PSDB paulista apoiará Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente em São Paulo, mesmo tendo declarado que não deseja o apoio de Garcia.
Por fim, os discursos para esse segundo turno devem girar em torno da economia. Tema este bastante afetado pela pandemia e que pode gerar o apoio de parte substancial da população. Na campanha de Bolsonaro, a prioridade na agenda econômica foi ditada pelo presidente, ao reconhecer que precisa se comunicar com uma parcela importante do eleitorado mais carente, que demanda mudanças. A ideia dos bolsonaristas é levar os indicadores de emprego, renda e preços para potencializar a percepção de melhora nas condições de vida da população nos últimos meses. E, diante das comparações com o PT, explorar o risco de piora no quadro econômico caso Lula volte ao poder.
Líder no primeiro turno, Lula será pressionado a antecipar com mais detalhes seu programa econômico e até a anunciar alguns dos integrantes de sua futura equipe, caso eleito para o terceiro mandato. O ex-presidente vinha se mostrando refratário a falar das diretrizes de seu governo na área econômica antes do resultado final da eleição, gerando certa insatisfação na camada empresarial, está muito relevante para o PIB nacional.
Como análise final deste cenário, temos, mais uma vez, uma eleição extremamente polarizada, como já era esperado. De um lado teremos o presidente Jair Bolsonaro utilizando a máquina pública a seu favor para tentar diminuir a margem de votos, principalmente no nordeste, e do outro lado teremos Lula com seu discurso mais populista, voltado para as camadas mais pobres da sociedade na tentativa de manter seu eleitorado fiel, principalmente no nordeste brasileiro.
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